quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Jesus, o guitarrista dos séculos

Um amigo me disse certa vez, entusiasmado, que um guitarrista de um famoso ministério de louvor havia declarado que antes sua inspiração musical vinha de músicos como Jimi Hendrix e Steve Vai, mas que isso estava errado, hoje ele entende que sua única inspiração é Jesus!!
- Que legal – pensei - não sabia que Jesus tocava guitarra.
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Estou certo, como já disse, que nossa maior inspiração vem do Criador, e nosso poder criativo existe porque Ele nos criou a sua imagem e semelhança, é um dos atributos que nos difere dos animais irracionais junto a capacidade de raciocínio.

Porem não há como imaginar que os cristãos sejam detentores da verdade sobre todos os assuntos da vida, a confusão entre conhecer a Verdade, que é Cristo – e ainda assim conforme Lhe agradou fazer-se conhecido – e conhecer a verdade sobre todas as coisas é absurda.

Deveria ser obvio que conhecer a Cristo não faz de nós conhecedores sobre todos os assuntos sobre todas as áreas da vida.

Por exemplo, ao servir a Cristo você não passa a saber tudo sobre a teoria da relatividade, isso acontece porque você estuda, você também não se torna um médico por começar a servir a Jesus.

Aliás, creio que não tenha tanta gente confusa sobre isso quando a área é a medicina, é ponto comum – exceto aos totalmente alienados – que para ser médico é preciso estudar e se interessar sobre os assuntos da medicina.

Em se tratando de arte e comunicação não é diferente, é preciso estudar e ter interesse verdadeiro pela produção cultural e artística moderna e histórica.
O guitarrista gospel usou uma grande frase de efeito, mas o efeito não causa nenhum benefício, apreciar o trabalho de grandes guitarristas não o faz menos dependente ou servo de Cristo nem lhe lança no “mundo”.

C.S.Lewis foi capaz de produzir uma variedade incrível de escritos - tanto os ficcionais como os teológicos - porque era um leitor voraz, entre seus livros preferidos estavam “O Peregrino” de John Bunyan e “A Rainha Das Fadas” de Edmund Spencer, um cristão e um anti-cristao, lia ainda os evangelhos apócrifos porque se interessava pela narrativa criativa, mesmo essa não contendo verdade.

O prazer que Lewis tinha pela leitura formou o escritor que nos deixou obras como “As Crônicas de Narnia”, “O Problema do Sofrimento”, “Cristianismo Puro e Simples” e muitos outros livros.

Ele não parecia temer apreciar algo “secular” ou usava frases de efeito para reafirmar sua fé e vida de serviço a Cristo.

Esse temor em apreciar o “secular” não é sinal de maturidade espiritual, pelo contrário mostra apenas uma tendência em se deixar escravizar por dogmas humanos criados por pessoas legalistas, ou revela um temor em perder a fé ou ainda um condicionamento pelo marketing do grande mercado gospel.

É igualmente triste em todas as hipóteses, pois se na primeira ficamos a mercê da religiosidade castradora de homens legalistas e seus dogmas criados com intuído exclusivo de controlar pessoas que deveriam ser livres em Cristo, a outra é fruto de pouco aprofundamento na fé, nos fundamentos de doutrinas Bíblicas e no próprio relacionamento com Deus, como disse Jesus “a casa foi construída sobre a areia e não sobre a rocha” (Mateus 7:24 a 27), e a terceira esconde um problema sério que é uma industria formada por cristãos e imitadores de cristãos – que segundo Frank Schaeffer não podem na maioria das vezes ser distintos uns dos outros - formando e doutrinando cristãos modernos.

O cristão que conhece a Verdade não deveria temer apreciar algo só porque não foi desenvolvido nos guetos evangélicos, como reflete Frank Schaeffer em seu livro “Viciados em Mediocridade

“os cristãos deveriam ser os que menos se sentem ameaçados por novas idéias artísticas, pela experimentação, por correr riscos, de olhar e apreciar o que o outro lado tem a dizer. Se os nossos pés estão solidamente enraizados na verdade, podemos observar o mundo com confiança, prazer e realização.”

Na verdade o cristão deve ter cuidado com o que é produzido nos guetos evangélicos, que muitas vezes vem carregados de heresias disfarçadas e facilmente confundidas com espiritualidade, por abaixar a guarda - já que se trata de material confeccionado por nossos “irmãos” - ficamos expostos a muita coisa que vai contra o ensino das Escrituras, e poucos tem sido como os bereanos, que como nos tempos do apostolo Paulo iam verificar “se as coisas eram mesmo assim”(Atos 17:11).

A falta de esforço e dedicação também podem vir disfarçados de espiritualidade quando cristãos querem lançar sobre a oração a responsabilidade de seu desenvolvimento artístico.
Para alguns a oração deixou de ser um relacionamento com Deus e passou a ser um amuleto ou uma abstração da realidade.

Para muitos cristãos dizer “estou orando” significa dizer “não quero fazer a parte que me cabe nisto” emendando logo algum jargão do tipo “tudo posso naquele que me fortalece” e segue trabalhando obras medíocres que só são aceitas mediante o marketing da industria gospel, caso tenha esse fator ao seu lado.

Orar em todo tempo significa ter relacionamento com Deus e esse relacionamento logo ensina que Ele se agrada do trabalho e da dedicação como podemos ver no principio da criação:

“E tomou o SENHOR Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar.”
( Genesis 2:15) “
“Havendo, pois, o SENHOR Deus formado da terra todo o animal do campo, e toda a ave dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome.”(Genesis 2:19)
A preguiça e a falta de interesse genuínos pelas artes trabalham contra o artista cristão, não há desenvolvimento sem suor, como disse Picasso “arte é 20% inspiração e 80% transpiração”, se queremos ter relevância nos meios da cultura e das artes vamos precisar fazer mais do que usar jargões desgastados e fingir espiritualidade.


Fábio Q no Solomon1

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