quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

"Eu te amo", vamos transar?


Alice conheceu o sexo aos 13 anos. Na época da primeira relação, ela namorava um vizinho há aproximadamente um ano, em Belo Horizonte. E, segundo a estudante, aos 12 anos já havia “rolado quase tudo” entre eles, antes da primeira transa.
(Para continuar lendo click no Titulo)Uma tia do namorado, que era mais próxima do casal, percebeu a ligação entre os dois e recomendou que Alice procurasse um ginecologista para ter orientações claras sobre seu corpo e sobre o que era a relação sexual. Tempos depois, o namoro foi desfeito e hoje Alice está firme em outro relacionamento.

As relações de intimidade entre crianças e púberes (aqueles que estão vivendo a passagem da infância para a adolescência) estão começando cada vez mais cedo. E a conseqüência dessa aproximação entre meninos e meninas tende a ser a iniciação da troca de algumas carícias ou até mesmo da vida sexual.


O Projeto Sexualidade (Pro- Sex), da Universidade de São Paulo (USP), entrevistou 103 alunos da capital paulista com 12 anos, em média, e constatou que 25% deles disseram já ter feito masturbação mútua.


Outros 12% afirmaram ter dado abraços sem roupa e 27% tiveram acesso a material erótico, como jornais, revistas ou sites na Internet. Sobre o ato sexual em si e o sexo oral, 9% e 8%, respectivamente, relataram que tiveram essas experiências.


E o beijo na boca de língua faz parte da vida de 72% dos pré-adolescentes entrevistados. O levantamento foi feito em 2004 e, segundo a psiquiatra e coordenadora do projeto, Carmita Abdo, esse público pesquisado não tinha parceiro fixo e muitos diziam que estavam “ficando” com alguém.


“Existem crianças que de fato são mais maduras, mas a relação é precoce da mesma forma. Elas não sabem a noção exata do tipo de envolvimento no qual estão se lançando. Não podemos generalizar e dizer que essa precocidade será ruim, mas a descoberta do sexo deveria vir de forma gradativa, acompanhada da busca de conhecimento, informação e educação”, avalia.
Apesar de o estudo ter sido feito na capital paulista, Carmita afirma que os resultados refletem uma realidade que vem sendo observada no restante do país.


Mídia


“A mídia tem colaborado para a adultização desses jovens. E, fatores como o uso de drogas (lícitas ou não), pressão do grupo na qual o jovem está inserido e uma vivência traumática nesse âmbito têm contribuído para a precipitação das práticas sexuais”, pondera a psiquiatra


De acordo com a doutora em psicologia clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Cassandra Pereira França, o período da puberdade vivido pelos brasileiros está encurtando, um fenômeno percebido há mais de uma década.


“Se antes ela acontecia dos 9 aos 12,5 anos, agora ela foi reduzida. Nossas crianças estão sendo bombardeadas pela mídia com conteúdos sexuais. São programas da TV, Internet e até as letras musicais. Em paralelo, sinto que os pais têm dificuldades de barrar essa pressa para o adolescer. Em nome de uma liberdade educacional, eles não se sentem à vontade de proibir determinadas situações”, afirma.


“Eu te amo” é usado para conseguir transa


Se declarar com um sonoro “eu te amo” parece traduzir o momento ápice da relação, mas o sentido da frase tem sido deturpado na adolescência para conseguir uma relação sexual mais rápida.


A afirmação é de um grupo de quatro adolescentes de 15 anos, estudantes da região Centro-Sul da capital. Segundo as meninas, alguns falsos sedutores estão declamando um sentimento inexistente só para transar.


Essa banalização do sexo e do amor tem contribuído para que meninas, principalmente, embarquem na primeira transa iludidas.


“Virou moda falar que está namorando. Mais comum ainda é o menino terminar depois que acontece a primeira transa. O sexo está muito vulgarizado e o pior é que tem menina associando o sexo ao despojamento, como se fosse legal transar cedo”, diz Luíza Picchiani.


A entrega ao parceiro é vista por elas como algo que requer confiança, envolvimento mais estável e segurança.


Hora certa


“Cada pessoa tem a sua hora certa para ter a relação. Beijar, a gente já faz mais cedo. Mas preciso ter confiança e certeza de que não serei abandonada pelo cara porque ele conseguiu o que queria. Se ele teve paciência em esperar o meu tempo, mesmo que seja mais de um ano, significa que gosta de mim”, considera Maria Gabriela Belisário.


Gabriela fica com um garoto da mesma idade há sete meses e a oficialização do namoro aconteceu há pouco tempo. Os encontros são sempre aos finais de semana.


Quando os dois estão na casa dela, eles não escapam dos olhares atentos da irmã mais velha, de 19 anos, encarregada de tomar conta dos namorados. “Nossa relação é mais contida. Antes de ele fazer qualquer coisa, me pergunta se pode. Não avançamos o sinal.”


Pais devem responder as perguntas


A situação pode parecer constrangedora e até desconfortável, mas diante de uma pergunta do filho sobre sexo, o ideal é que os pais respondam. Mudar o rumo da prosa de nada adianta para a formação da criança ou adolescente.


Segundo a psiquiatra e coordenadora do Projeto Sexualidade da Universidade de São Paulo (USP), Carmita Abdo, se os pais estiverem disponíveis ao diálogo, um momento incômodo pode se transformar em natural. E, segundo ela, o ambiente familiar é o local mais apropriado para a educação sexual.


“Muitos pais não se sentem à vontade ou devidamente conhecedores do assunto e acabam deixando uma dúvida ser sanada pela escola ou por um colega. Quando a criança ou adolescente encontra a indisponibilidade na primeira pergunta, raramente fará a segunda em casa. Não é preciso ir além do questionado, mas sim responder.”


Segundo Carmita, educar para o sexo é um ato de prevenção e promoção da saúde e não interfere no início da atividade sexual.


“Boa parcela do universo pesquisado em 2004 (103 alunos) não teve tal educação, embora já tivesse iniciado a prática. Vários estudos vêm mostrando que a orientação não precipita o começo do sexo”, afirma.


Carmita aconselha que os pais se preparem para esclarecer as dúvidas do filho sem ter vergonha de buscar informações nos canais apropriados, como livros ou sites oficiais de especialistas.


Medo


Para a psicóloga Simone de Oliveira Lacerda, especialista em desenvolvimento da criança e do adolescente e em terapia familiar, os pais também não podem ter medo de apresentar direções e posturas mais definidas sobre as relações prematuras.


“Alguns pais estão convencidos pelos valores da modernidade, acham normal namorar aos 12 anos. Quando os adolescentes têm uma família bem estruturada e que transmitiu um comportamento carregado de princípios, provavelmente ele não cederá à pressão de um grupo”, diz.


O excesso de curiosidade sobre temas que envolvem as práticas sexuais deixou a arquiteta Márcia Roscoe, 43, preocupada com o filho Daniel. Segundo ela, a criança de apenas 9 anos começou a namorar com uma coleguinha de sala e o momento coincidiu com um baixo rendimento escolar e grande dispersão em sala.


“Meu filho disse que ainda não havia beijado na boca, mas alguns coleguinhas já. Seu namoro era mais de ligar para ficar conversando com ela, mas fiquei apavorada. Em um dia desses, ele ficou perguntando como era beijar porque queria treinar”, conta.


Márcia recorreu ao diálogo como alternativa para desviar o foco de atenção do garoto. “Tento mostrar para ele que não está na hora para essas relações e também restrinjo um pouco o contato com colegas que ficam colocando pilha para ele fazer determinadas coisas. Na escola, pedi que houvesse maior atenção.”


Outra situação que ela tenta controlar é o acesso a materiais que tenham algum tipo de apelo sexual, como programas televisivos ou páginas da Internet.


“Temos visto meninas de 13 anos parecendo mulheres de 18. Mas o envolvimento precoce nem sempre é acompanhado de proteção e informação. Podemos ver o reflexo dessa ação na quantidade de gravidez indesejada entre adolescentes.”


Conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde da capital, dos 33 mil partos anuais feitos na cidade, cerca de 14% são de adolescentes. Quanto à infecção pelo vírus da Aids, 2% dos casos notificados em Belo Horizonte desde os anos 80 estão compreendidos na faixa de 13 a 19 anos.


“Alguns casais não têm consciência do que estão fazendo e não tiveram preparo familiar. Essa falta de proteção eleva o risco da exposição às doenças sexualmente transmissíveis”, conclui.


Fonte: Jornal O Tempo

Retirado do SexxxChurch.com

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