terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Os guardas do túmulo


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 A narrativa de Mateus sobre a guarda junto ao túmulo de Jesus é amplamente considerada como lenda apologética. Embora algumas das razões dadas em apoio a esse julgamento não sejam importantes, duas são mais sérias: (1) a história é encontrada somente em Mateus e (2) a história pressupõe que Jesus previu sua ressurreição e que somente os líderes judeus compreenderam aquelas predições. Mas a ausência da história nos outros Evangelhos pode ser devida à falta de interesse deles em polêmica judaico-cristã. Não há boas razões para se negar que Jesus predisse sua ressurreição e, nesse caso, a segunda objeção se torna basicamente um argumento a partir do silêncio. Do lado positivo, a historicidade da narrativa é apoiada por duas considerações: (1) como apologia, a história não é resposta infalível à acusação de rapto do corpo e (2) uma reconstrução da história de tradição que subjaz à polêmica judaico-cristã torna improvável a ficcionalidade dos guardas.
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Dentre os Evangelhos canônicos, somente Mateus relata a intrigante história da colocação de guardas junto ao túmulo de Jesus (Mt. 27.62-66; 28.4, 11-15). A história serve para propósito apologético: a refutação da alegação de que os próprios discípulos tinham roubado o corpo de Jesus e, assim, forjaram sua ressurreição. Por trás da história, como Mateus a conta, parece haver uma história de tradição de polêmica judaica e cristã, um padrão de afirmação e contra-afirmação, em desenvolvimento:2

Cristão: ‘O Senhor ressuscitou!’
Judeu: ‘Não, os discípulos roubaram o corpo.’
Cristão: ‘Os guardas junto ao túmulo teriam evitado tal roubo.’
Judeu: ‘Não, os discípulos roubaram o corpo enquanto os guardas dormiam.’
Cristão: ‘Os principais sacerdotes subornaram os guardas para dizer isso.’

Embora, dentre os quatro evangelistas, somente Mateus mencione os guardas junto ao túmulo (João menciona os guardas em conexão com a prisão de Jesus; cf. Mc. 14.44), o Evangelho de Pedro também relata a história dos guardas do túmulo, e sua narrativa pode muito bem ser independente de Mateus, já que as similaridades verbais são praticamente nulas3.

Conforme a versão de Mateus, no sábado — ou seja, no Sabá —, que ele estranhamente circunavega chamando-o de o dia depois do dia da Preparação, os principais sacerdotes e fariseus pediram a Pilatos uma guarda para proteger o túmulo, a fim de impedir os discípulos de roubarem o corpo e, assim, de “cumprir-se” a predição de Jesus sobre ressuscitar ao terceiro dia. Pilatos disse-lhes: “Tendes uma guarda; ide e dai-lhe a segurança que puderdes”. Não fica claro se isso significa que Pilatos lhes deu uma guarda romana ou se lhes falou para usar sua própria guarda do templo. O Evangelho de Pedro emprega uma guarda romana, mas isso é provavelmente inserido na tradição e pode ter sido concebido para enfatizar a força da guarda. Caso se queira mencionar uma consideração psicológica, Pilatos provavelmente estaria, a essa altura, tão enojado com os judeus que pode muito bem ter-lhes repelido; mas lendas não conhecem quaisquer limites psicológicos. Se Pilatos repeliu os judeus, pode-se, então, questionar por que essa parte da história foi contada, de qualquer maneira; mas, se os judeus realmente foram até Pilatos, talvez, então, esse detalhe foi lembrado. Se Pilatos lhes deu uma guarda, é estranho que Mateus não tenha tornado isso explícito, como o fez o Evangelho de Pedro, uma vez que fortaleceria sua apologética. O fato de que os guardas retornaram aos principais sacerdotes é evidência de que se pretende uma guarda judaica; contraste com o Evangelho de Pedro, em que a guarda romana relata a Pilatos os eventos que ocorreram junto ao túmulo. A menção do governador no v. 14 pode indicar uma guarda romana; mas, no caso, não estaria claro como os judeus poderiam fazer algo para livrá-los do problema. O fato de que os guardas romanos poderiam ser executados, ao dormirem durante a vigia, e o aceitar suborno poderiam, ainda mais, apontar para uma guarda judaica. No Evangelho de Pedro, o suborno e a história do sono são eliminados; Pilatos simplesmente ordena que a guarda romana mantenha silêncio.
Caso de dê à história o benefício da dúvida, pode-se supor que a guarda era judaica; mas, se alguém está convencido de que a história é lenda insignificante, nada poderia evitar que se considere a guarda como romana. Assim, a guarda é fixada e o sepulcro, selado. Diz-se que Mateus omite o tema da unção, por causa da guarda e do selamento4; porém, isso não mantém qualquer apoio, pois as mulheres eram completamente desconhecedoras de que tais ações haviam sido tomadas no Sabá. Pelo contrário, poderia ser que Mateus estivesse seguindo diferentes tradições, nesse caso, visto que o v. 15 torna evidente que há uma história de tradição por trás da narrativa de Mateus5. Antes de as mulheres chegaram, um anjo do Senhor rola de volta a pedra, e os guardas ficam paralisados com medo. Não se diz que os guardas viram a ressurreição ou mesmo que esse é o momento da ressurreição6. Depois de as mulheres partirem, alguns da guarda foram até as autoridades judaicas, que os subornaram para dizer que os discípulos roubaram o corpo. Essa história tem sido espalhada entre os judeus até este dia, acrescenta Mateus.

O relato de Mateus tem sido quase universalmente rejeitado pelos críticos como sendo uma lenda apologética. Os valores para tal julgamento, entretanto, são de peso muito desigual. Por exemplo, o fato de que a história é uma resposta apologética à alegação de que os discípulos roubaram o corpo não significa, pois, que ela seja anistórica. A melhor maneira de responder a essa acusação não seria inventando ficções, mas narrando a verdadeira história do que aconteceu. Similarmente, de nada vale insistir na objeção teológica à história, como se faz frequentemente, de que ela vai além do testemunho restante do Novo Testamento, segundo o qual Jesus apareceu somente para os seus, mas permaneceu oculto aos inimigos dele7. Alguns teólogos ficam horrorizados com o pensamento de que guardas pagãos possam ter visto o “Cristo Ressurreto”8. Mas a narrativa não fala absolutamente nada sobre qualquer aparição de Jesus aos guardas. Pelo contrário, o anjo expressamente diz: “Ele não está aqui, porque ressurgiu”; mas o túmulo é, presumivelmente, aberto para que as mulheres possam vir e ver “o lugar onde jazia” (Mt. 28.6). E, em qualquer caso, o testemunho do Novo Testamento é que Jesus realmente apareceu a céticos, a descrentes e até mesmo a inimigos (Tomé, Tiago e Paulo). A ideia de que somente o olho da fé poderia ver o Jesus ressurreto é estranha aos Evangelhos e a Paulo, pois todos eles concordam a respeito da natureza física das aparições da ressurreição9. Às vezes, insiste-se que os principais sacerdotes e fariseus não iriam até Pilatos no dia de Sabá. Mas tal inferência não é muito séria, já que não se diz que eles foram em massa, mas meramente se reuniram ali10, e não se diz que eles adentraram ao pretório (cf. Jo. 18.28). De qualquer maneira, a objeção subestima a hipocrisia de homens que, ao menos de acordo com o relato do Evangelho, poderiam atar nos outros fardos pesados, mas eles mesmos não moveriam nem um dedo para ajudar. Nem é muito persuasivo objetar à história, por ela conter absurdos inerentes — por exemplo, que os guardas não saberiam que eram os discípulos porque estavam dormindo ou que uma guarda romana nunca concordaria em espalhar história pela qual poderiam ser executados11. A primeira supõe que os judeus não poderiam ter inventado uma estúpida história para encobrir tudo; realmente, essa história era tão boa quanto qualquer outra. Pelo menos, a inferência de que foram os discípulos de Jesus não era tão forçado. Pois quem mais poderia roubar o corpo? O segundo absurdo supõe que a guarda era romana, para o que a evidência positiva é débil. E, mesmo que a guarda fosse romana, talvez a promessa dos judeus de “satisfazer ao governador” significava contar-lhe a verdade sobre o leal serviço dos guardas, caso concordassem em mentir ao povo.

Muito pelo contrário, as dificuldades mais sérias desta história são duas: (1) não é relatada na história pré-marcana da paixão, nem nos outros Evangelhos e (2) pressupõe não somente que Jesus tenha predito sua ressurreição ao terceiro dia, mas também que os judeus entenderam isso claramente, enquanto os discípulos permaneceram na ignorância. Em relação à primeira, é excessivamente estranho que os outros Evangelhos nada soubessem de tão importante evento como a colocação de uma guarda ao redor do túmulo. Isso sugere que o relato é uma lenda posterior, refletindo anos da polêmica judaico-cristã. A designação de Jesus como impostor é, de fato, marca da polêmica judaica contra o Cristianismo (Diálogo com Trifão 208, de Justino; Testamento dos Doze Patriarcas (Levi) 16.3). Mas, talvez, esse polêmico interesse fornece a própria razão de por que esse evento, mesmo se histórico, não foi incluído na história pré-marcana da paixão. Pois a história pré- marcana da paixão surgiu na vida da Urgemeinde [comunidade], antes da Auseinandersetzung [disputa] com o Judaísmo e, assim, antedata a polêmica judaico-cristã. Já que os guardas desempenharam virtualmente nenhum papel nos eventos da descoberta do túmulo vazio — na realidade, o relato mateano não exclui que a guarda já havia partido antes de as mulheres chegarem — a história pré-marcana da paixão pode simplesmente omiti-los. Se a calúnia segundo a qual os discípulos roubaram o corpo estava restrita a certos grupos (”essa história tem-se divulgado entre os judeus [para Ioudaiois] até os dias de hoje”), não se pode, então, excluir que Lucas ou João poderiam não ter essas tradições. E os evangelistas, com frequência, inexplicavelmente omitem o que parecem ser incidentes importantes que podem lhes ter sido conhecidos (por exemplo, a grande omissão de Lucas, de Mc. 6.45 — 8.26), de modo que é perigoso usar uma omissão como teste para historicidade.

Quanto à segunda objeção, devemos ser cuidadosos para não excluir, a priori, a possibilidade de que Jesus realmente predisse sua ressurreição, já que de antemão eliminá- la seria retornar ao racionalismo teológico do século XVIII em sua pressuposição contra o sobrenatural. E, se pressuposições filosóficas não podem excluir a predição de Jesus, tampouco o podem as teológicas — por exemplo, de que isso representa uma espécie de “triunfalismo” que minimiza a extensão do sacrifício de Jesus, uma vez que ele sabia que ressuscitaria. Concepções teológicas sobre o que é “apropriado” para a pessoa e obra de Jesus não podem ditar à história o que deve ter acontecido; antes, concepções teológicas podem simplesmente ter de mudar à luz da história, isso sendo atraente ou não às nossas sensibilidades religiosas. A única base para aceitar ou rejeitar as predições de Jesus como históricas deve ser empírica.

Quais, então, são as bases empíricas para se pensar que Jesus não predisse sua ressurreição? Às vezes, assevera-se que a predição de Jesus sobre sua ressurreição é incompatível com o desespero e desesperança dos discípulos. Mas isso falha em contar com as declarações de que os discípulos não podiam entender como um Messias prestes a morrer e ressuscitar seria possível (Mc. 8.32, 9.10). O conceito lhes era totalmente estranho e não fazia sentido de acordo com as concepções do triunfante Rei de Israel, ainda que — Marcos enfatiza — Jesus lhes tenha dito abertamente que sofreria, seria morto e ressuscitaria (Mc. 8.32). É interessante que, quando Jesus diz a Marta que Lázaro ressuscitará, sua reação é: “Sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia” (Jo. 11.24). Os discípulos podem não ter tido qualquer expectativa de que a profetizada ressurreição de Jesus seria diferente; na realidade, isso fica implícito na questão deles concernente à vinda escatológica de Elias, anterior à ressurreição (Mc. 9.10,11)12. Assim, o fato de que os discípulos falharam em compreender o significado das predições é, realmente, muito plausível e nisso não se pode insistir contra a historicidade delas. Talvez, possa afirmar-se que a linguagem das predições é ex ecclesia e que, portanto, são escritas remontando à vida de Jesus. Mas, de fato, não há palavras nessas predições que o próprio Jesus poderia não ter usado. O uso de “terceiro dia” poderia ter significado somente um curto período13. Mas mesmo se esse detalhe foi acrescentado a partir do querigma, não se acarreta que Jesus poderia não ter predito sua ressurreição. Da mesma maneira, o discurso dos judeus a Pilatos na construção de Mateus, e o tema do terceiro dia refletem a formulação querigmática de I Coríntios 15.4. Na verdade, os judeus podem ter pedido uma guarda para ali ser posicionada durante período indeterminado de tempo, ou durante a festa. As predições da ressurreição terem tomado coloração querigmática não prova que elas não foram proferidas.

Talvez, a mais séria dificuldade com a história da guarda, contudo, é que, se os discípulos não compreenderam o sentido das predições da ressurreição, tampouco os judeus, que tinha muito menos contato com Jesus, entenderiam. Esse é, entretanto, essencialmente um argumento do silêncio, uma vez que Mateus não conta como os judeus souberam da predição de Jesus. Supõe que se têm registrado nos Evangelhos todos os casos em que Jesus falou de sua ressurreição ou que, se essa predição foi levada sub- repticiamente aos judeus, devemos saber sobre isso. É possível que as ações dos judeus não foram motivadas, de modo algum, por qualquer conhecimento das profecias da ressurreição, mas foram simplesmente pensamento posterior para prevenir qualquer problema que pudesse ser causado pelos discípulos, junto ao túmulo, durante a festa. Tomada em conjunto, essas considerações têm peso cumulativo, entretanto, e por si mesmas provavelmente levariam alguém ao ceticismo quanto à historicidade da narrativa da guarda.

Porém, há outras considerações que ficam positivamente a favor dela. Por exemplo, se a história é uma ficção apologética concebida para excluir o roubo do corpo pelos discípulos, a história não é inteiramente bem-sucedida, pois existe óbvio período de tempo durante o qual os discípulos poderiam ter roubado o corpo sem ser detectado — a saber, entre seis horas de sexta-feira à noite e algum momento de sábado de manhã. Por o túmulo já estar vazio quando os guardas o abriram, é possível que já estivesse vazio quando os guardas selaram a pedra. Mateus se esquece de dizer que o sepulcro foi aberto e checado antes de ser selado, de modo que é possível que os discípulos tenham removido o corpo e recolocado a pedra na sexta-feira à noite, após a partida de José. É claro que consideraríamos tal artifício como historicamente absurdo, mas a questão é que, se a guarda é uma invenção cristã visando a refutar a alegação judaica de que os conspiradores discípulos tinham roubado o corpo, o escrito não fez um trabalho muito bom. Para a maneira como uma lenda apologética lida com essa história, veja o Evangelho de Pedro: os escribas, fariseus e anciãos dirigiram-se ao sepulcro, e todos eles rolaram a grande pedra pela entrada do túmulo (sem menção de José de Arimateia, apesar de tudo!), selaram-no sete vezes e mantiveram vigilância. No domingo de manhã, o próprio Jesus é visto saindo do túmulo com dois anjos, e as testemunhas incluíram não somente os soldados e os anciãos, mas também multidão de Jerusalém e do interior que viera para ver o sepulcro! Essa é apologética infalível: os romanos e os judeus são os responsáveis pelo sepultamento de Jesus no mesmo dia da morte dele, permanecem ali sem interrupção e, quando o túmulo se abre, não está vazio, mas Jesus sai de lá diante dos olhos de multidão de testemunhas. Em contraste, no relato de Mateus, a guarda é consideração posterior; o fato de que não foram considerados e colocados ali até o próximo dia poderia refletir o fato de que somente na sexta-feira à noite os judeus souberam que José tinha, contrariamente às expectativas, colocado o corpo em um túmulo, em vez de permitir que fosse descartado em vala comum. Isso poderia ter motivado a incomum visita deles a Pilatos, no dia seguinte.

Mas, talvez, a mais forte consideração a favor da historicidade da guarda é a história da polêmica pressuposta nesse relato. A calúnia judaica de que os discípulos haviam roubado o corpo era, provavelmente, a reação à proclamação cristã de que Jesus ressuscitara14. Essa alegação judaica também é mencionada no Diálogo com Trifão 108, de Justino. Para desmentir tal acusação, os cristãos precisariam apenas de indicar que a guarda junto ao túmulo teria evitado o roubo e que ficaram imobilizados com medo, quando o anjo apareceu. Nesse estágio da controvérsia, não há necessidade de se mencionar o suborno à guarda. Isso surge apenas quando a polêmica judaica responde que os guardas tinham caído no sono, permitindo, assim, que os discípulos roubassem o corpo. O sono dos guardas poderia simplesmente ter sido desenvolvimento judaico, uma vez que não serviria a qualquer propósito para a polêmica cristã. A resposta cristã foi que os judeus subornaram a guarda para dizer isso, e é nesse ponto que a controvérsia permaneceu no tempo da escrita de Mateus. Porém, se essa é provável reconstrução da história da polêmica, fica difícil acreditar que a guarda é anistórica15. Em primeiro lugar, é improvável que os cristãos inventariam uma ficção como a guarda, que todos, especialmente os oponentes judeus, perceberiam nunca ter existido. Mentiras são a mais frágil espécie de apologética que pode haver. Uma vez que a controvérsia judaico-cristã sem dúvida se originou em Jerusalém, é difícil entender como os cristãos poderiam ter tentado refutar a acusação dos oponentes deles, com uma falsificação que teria sido evidentemente irreal, já que nas redondezas não havia guardas que afirmaram ter se postado junto ao túmulo. Mas, em segundo lugar, é ainda mais improvável que, confrontados com mentira tão palpável, os judeus teriam, em vez de expô-la e denunciá-la como tal, começado a criar outra mentira, mais estúpida, de que os guardas caíram no sono enquanto os discípulos violaram o túmulo e foram embora com o corpo. Se a existência da guarda fosse falsa, a polêmica judaica nunca teria tomado o rumo que tomou. Antes, a controvérsia teria parado ali mesmo, com a renúncia de que a guarda havia sido fixada pelos judeus. Nunca chegaria ao ponto em que os cristãos teriam de inventar uma terceira mentira, a de que os judeus subornaram a fictícia guarda. Então, enquanto há razões para se duvidar da existência da guarda junto ao túmulo, há igualmente sérias considerações a seu favor. Parece melhor deixar a questão em aberto. Ironicamente, o valor do relato de Mateus para as evidências a favor da ressurreição nada tem a ver com a guarda, de maneira alguma, ou com a intenção dele de refutar a alegação de que os discípulos roubaram o corpo. A teoria da conspiração tem sido universalmente rejeitada com bases morais e psicológicas, de modo que a narrativa da guarda, como tal, é de fato muito supérflua. Com guarda ou sem guarda, nenhum crítico atual acredita que os discípulos poderiam ter roubado o túmulo e falseado a ressurreição. Antes, o verdadeiro valor do relato de Mateus é informação incidental — e por essa razão muito mais confiável — de que a polêmica judaica nunca negou que o túmulo estivesse vazio, mas em vez disso tentou explicar a situação. Portanto, os próprios antigos oponentes dos cristãos dão testemunho ao fato do túmulo vazio16.


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