quarta-feira, 14 de abril de 2010

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A igreja emergente é um termo semelhante ao termo reforma. Não há unidade teológica, como não havia entre os diferentes movimentos reformadores protestantes. 


É verdade que existe um tema principal para o movimento emergente, como havia para a reforma protestante (a salvação pela graça). E esse tema é: A igreja como agente missiológico na terra, livre de instituição e hierarquias, simples, um organismo vivo cuja cabeça é Jesus, e onde a vida cristã é uma vida de comunidade e de compartilhamento.

Se hipotéticamente, a igreja emergente se trata de uma reforma da igreja, como a reforma protestante, então é natural que os líderes das igrejas actuais a critiquem, como o fizeram os líderes católicos no tempo de Lutero. Se criticar o que está mal e fazer algo novo é errado, então porque não voltam todos os protestantes às suas origens católicas?

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Grace Church (anos 80/90) 

No fim das contas, são sábias as palavras da bíblia: “Por isso o que vos aconselho é que deixem estes homens em paz. Se o que ensinam e fazem é só deles, em breve desaparecerão. Mas, se for obra de Deus, não poderão impedi-los, não vá acontecer vocês acabarem por lutar contra o próprio Deus.” (Atos 5:38-39)

A igreja emergente, teoria e prática

Muitos dos críticos e curiosos da igreja emergente procuram compreender o que se passa em termos teóricos. Mas o facto é que o movimento emergente é um conjunto de práticas cristãs, e não de nova teologia cristã. E práticas essas que nem são assim tão consistentes de comunidade para comunidade (daí o não ser correcta a denominação “igreja emergente”, mas sim “movimento emergente”).

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Grace Church (atual) 

 Existem práticas comuns, com certeza: A rejeição da instituição, a rejeição das hierarquias religiosas, todos os cristãos activos com os seus dons, um foco missional, e um foco no reino de Deus. Isso das velinhas e dos rituais antigos são pormenores que não são nem importantes nem generalizados, mas que pelos vistos chamam a atenção dos críticos.

Quanto a teologias, na realidade não há nada de novo, há talvez uma compilação de várias teologias que se tornam relevantes para um movimento comunitário e missional em que todos os membros são parte activa, e em que a estrutura é um organismo e não uma instituição. E aí poderemos falar de Brian McLaren, ou de N.T. Wright. Mas aqui está o truque: O facto de irem buscar a teoria a essas fontes, não significa que essas pessoas façam parte do movimento. Basta lembrar, por exemplo, que N.T. Wright é um bispo anglicano, e a igreja anglicana é tudo menos emergente. Por isso, pegar na teologia deles, e deduzir que é isso que a igreja emergente defende, é algo no mínimo caricato.

O movimento emergente é uma prática cristã influenciada por um lado pelo pós-modernismo, e por outro lado pelas práticas da igreja primitiva (igreja do 1º século), que procura viver em igualdade, em comunidade, como um organismo horizontal (não hierárquico), e com um foco na implantação do reino de Deus. E é só.

A prática leva à teoria

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 Um amigo meu conta uma história em que ele falava com uma pessoa que não acreditava que existiam sem abrigos numa cidade. E por muito que lhe dissessem, não acreditava, nem se interessava. Um dia levaram-no a um sítio onde alimentavam sem abrigos, e ele pôde vê-los, saber o seu nome, falar com eles, saber porque estavam nessa situação e o que era passar por isso. A partir daí não foi preciso mais dizer (teoria), pois ele tinha experimentado (prática), e essa experiência tinha-o levado a ter uma atitude completamente diferente sobre a situação.

Por isso, se queremos, por exemplo, ter uma maior preocupação pelos sem abrigo, não é com discursos que vamos lá. O primeiro passo, é ir e ajudar no que pudermos. Ao depararmos com a sua realidade, a nossa forma de pensar vai sem dúvida ser afectada.

É a prática que leva à teoria, e não a teoria que leva à prática.

Nuno Barreto

Fonte:Solomon

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